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sábado, 17 de março de 2012

Acaso


Sempre penso em como o processo de pintar uma tela se parece com as coisas que vivo no cotidiano. Se a vida imita a arte eu não sei, mas sei que é preciso aceitar, respeitar e até saber me aproveitar dos erros, dando sentido aos inúmeros que cometo.

 Assim é que, enquanto muitas idéias surgem e fluem para a tela,  outras só acontecem a partir do fracasso de um projeto. Para mim essas são as melhores, ou as que mais me animam por me surpreenderem.  Acho graça de meus erros, pela constatação que nem sempre controlo todos os gestos. As imagens, cores e texturas por vezes tomam vida própria a partir do momento que deixam de fazer parte do meu mundo interior e vão surgindo a revelia. Mas algo de inusitado pode acontecer, como um presente do acaso. Aprendi que não adianta brigar com a realidade nessa hora: é melhor acompanhar o que está surgindo, seguir a onda – como se eu fosse surfista - e tirar partido do que se apresenta. E aí é que fica mais divertido!

Poderia tentar explicar que aquela parte menos consciente me traiu, ou quem sabe ajudou, se foi por isso ou por aquilo, mas seja como for, não se pode nunca ter absoluta certeza do que vai acontecer com a gente nem com a tela.

         Um bom aprendizado para quem ainda não aceitou inteiramente que na arte, na ciência ou  na vida, o acaso também pode ser bem-vindo.
           

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